segunda-feira, abril 10, 2006

História de Encantar V




Branca de Neve
Era uma vez, num país muito distante, uma rainha muito bonita que vivia num grande castelo. Ela gostava muito de coser a roupa do rei e, para isso, costumava sentar-se à janela do seu quarto. Daqui, ela podia ver a neve que caia no jardim...
Um certo dia, a rainha não teve cuidado e picou-se na agulha de coser a roupa. Três gotas de sangue vermelho caíram na camisola que estava a costurar.
E foi, então, que ela pensou:
- Gostava tanto de ter uma menina com a pele branca como a neve, com os lábios vermelhos como o sangue e com uns lindos cabelos pretos!
E não é que, passado alguns meses, a rainha deu à luz uma linda menina?! Branca de Neve foi o nome escolhido para o tão desejado bebé...
Só que, de repente, a rainha ficou muito doente e acabou por morrer. Entretanto, um ano se passou e o rei voltou a casar...
Mas a nova rainha não era nada simpática. Pelo contrário, era muito má para todas as pessoas e era muito vaidosa. O que ela gostava era de passar os dias a pentear-se, a experimentar roupa e a pintar-se. E sabem o que é que ela tinha?
Um espelho mágico...
Todos os dias a rainha má perguntava ao espelho:
- Espelho, espelho meu, há alguém mais bela do que eu?
E o espelho dizia:
- Tu és a mais bela, minha rainha!
Os anos passaram e Branca de Neve foi crescendo. Aos sete anos de idade, era já uma linda menina...também muito vaidosa e muito gulosa!!!!
Um dia, a rainha má foi, mais uma vez, perguntar ao espelho se havia alguma mulher mais bonita do que ela.
Para seu grande espanto, o espelho respondeu-lhe que sim:
- É a Branca de Neve!
A rainha ficou muito zangada e, cheia de ciúmes, mandou chamar o seu caçador e disse-lhe:
- Leva a Branca de Neve para a floresta e mata-a; depois traz-me o seu coração como prova de que fizeste tudo bem.
E lá foi o caçador com a Branca de Neve para a floresta...
Só que ele era muito bom e, por isso, avisou a menina de que era melhor ela fugir porque a rainha queria fazer-lhe mal.
E assim foi: o caçador matou um javali para levar o coração à rainha má e a Branca de Neve fugiu de casa, muito triste e assustada.
A menina andou e andou pela floresta até que encontrou uma cabana de madeira muito bonita...
Branca de Neve entrou e viu uma grande mesa com sete cadeiras, sete pratos e sete colheres. Cheia de fome, a menina não conseguiu resistir e comeu a sopa que estava nos pratos. Depois, como estava muito cansada, decidiu ir deitar-se numa das sete camas que encontrou.
Já era de noite quando os donos da casa chegaram.
Eram sete anões, muito simpáticos, que trabalhavam nas minas da montanha. Quando eles viram os pratos vazios, ficaram muito espantados e chateadíssimos!
- Quem comeu a nossa sopa? Quem se sentou nas nossas cadeiras?
Foi quando um dos anões olhou para a cama e descobriu Branca de Neve a dormir.
Mas nenhum a quis acordar...
No dia seguinte, a menina decidiu contar a sua história aos sete anões.
Logo ficaram muito amigos e decidiram que a Branca de Neve podia lá ficar a viver com eles.
Entretanto, o tempo foi passando...e a Branca de Neve cada vez ficava mais linda.
Um dia, a rainha má decide fazer a pergunta do costume ao seu espelho mágico. E o que foi que ele lhe respondeu?
- Há alguém mais belo do que tu, minha rainha. É a Branca de Neve!
A rainha má ficou muito zangada e decidiu ir à procura da menina.
Para isso, vestiu-se de velhinha e começou a bater à porta de todas as casas. Certa vez, a rainha chegou a casa dos sete anões...
Branca de Neve, muito curiosa, decidiu abrir a porta, apesar dos anões a terem avisado para não o fazer, e começou a falar com a simpática senhora. Esta quis-lhe oferecer um colar de ouro para pôr ao pescoço. Muito contente, Branca de Neve aceitou o presente. Só que a rainha apertou o colar com tanta força que a menina acabou por desmaiar...
- Agora sou eu outra vez a mulher mais bonita, gritou a rainha.
E, dito e feito, desatou a fugir. Mas os sete anões chegaram a tempo de salvar Branca de Neve... Só que a rainha má descobriu, mais uma vez, que a menina não tinha morrido e que estava bem junto dos sete anões. Desta vez, a rainha vestiu-se de vendedora de fruta e voltou à cabana na floresta. E, mais uma vez, a Branca de Neve não resistiu aos encantos da senhora...
- Queres uma linda maçã, minha menina?
Branca de Neve disse logo que sim, e gulosa, deu uma enorme trincadela na maçã. Caiu desmaiada no chão, engasgada com um bocadão de maçã entalada na garganta .E a rainha fugiu a rir...ao ver a enteada inerte pela asfixia.
Ao fim da tarde, os anões voltaram e descobriram a menina no chão. Tentaram de tudo, mas em vão...
Branca de Neve estava morta!
Muito tristes e a chorar, os anões puseram-na numa urna de vidro e levaram-na para a floresta. Muitos animais, de quem Branca de Neve gostava muito, vieram chorar perto dela...
Enquanto os anos passavam, a menina continuava na urna e ia crescendo até se transformar numa linda mulher!
Um dia, um belo príncipe estava a passar pela floresta e viu a Branca de Neve.
Muito impressionado pela sua beleza, o rapaz queria levar a urna consigo...
- Não damos a urna a ninguém, disse um dos anões. Mas como tiveram muita pena do príncipe, os anões decidiram dar-lhe a urna.
Este chamou logo os seus criados para o ajudarem... Mas um deles, sem querer e bebado que nem um cacho, acabou por tropeçar numa pedra.
E lá foi a urna pelos ares, catapultando a Branca de Neve, que caíu de traseiro no chão térreo da floresta.
E foi quando o bocadão de maçã que a Branca de Neve tinha trincado alarvemente saltou da sua boca...
Para espanto de todos, ela acordou:
- Onde estou?
- A salvo! - respondeu o príncipe.
- Queres casar comigo e ser a minha rainha?
Daí até ao casamento foi tudo muito rápido...e Branca de Neve deu à luz um caroço de maçã.
Todos foram convidados e a festa durou três longos anos. Foram proibidas as macieiras. Em sua vez plantaram-se bananeiras.

Moral da história:
A vaidade não faz mal. A gula é mortal. Se a tua madrasta te der maçãs, espeta-lhe um banano!

História de Encantar IV

A Bela Adormecida
Quando foi encontrada e levada para o seu castelo, os seus olhos já não se abriam, mas ela continuava a respirar, ainda que devagarinho. Ao ver que, a maldição se tinha concretizado, o rei, emocionado, ordenou:
- Levem a minha querida filha para o seu quarto!
Já deitada na sua cama bordada a ouro e prata, a princesa parecia um anjinho a dormir.
A mais nova das fadas soube o que tinha acontecido e, foi para o castelo:
A princesa vai dormir em paz, mas com a minha varinha vou tocar em todos os seres vivos, para que eles durmam com ela!
Os reis e todos os que estavam naquele castelo, criados, soldados, cavalos e até os cães, adormeceram também. Cem anos passaram e o reino continuava adormecido.
Um príncipe, que vivia num reino distante, ouviu histórias sobre uma bela princesa que dormia há muito tempo naquele castelo, à espera de um artolas que a iria acordar. Com o coração a bater pela bela rapariga que o esperava, decidiu partir até lá. No entanto, a fada má, transformada em pedreiro livre, aguardava-o:
- Tu não vais ao castelo. Isso nunca vai acontecer!
Mas o príncipe, só a pensar no seu amor, arranjou forças suficientes para conseguir derrotar o pedreiro, que acabou por morrer como uma rosa murcha.
Ao chegar ao castelo, este estava repleto de buracos, ferros retorcidos, e de rosas com espinhos.
Misteriosamente, abriu-se para deixar passar o príncipe:
- Ah!!! Tantas pessoas no chão! Parece que estão mortas, mas afinal estão num sono profundo! Mas onde está a minha amada?
E o príncipe entrou, em todos os quartos até que, encontrou a princesa deitada. Ele caiu de joelhos e, emocionado declarou:
- A minha princesa é tão bela! - e deu-lhe um beijo.
- És tu, meu príncipe Durão? Esperei tanto tempo por ti! - disse ela a sorrir.
Entretanto, pelo castelo os reis e todos os outros iam acordando muito enjoados. Nessa mesma noite, chamaram o Padre Portas e toda a família do príncipe, para ser celebrado o maior casamento alguma vez visto e realizado no reino.
Envolvidos num grande abraço, unidos de amor um pelo outro, o príncipe e a princesa viveram felizes para sempre!...

Moral da história:
Se quiseres ser Rei arranja um bom Padre.

quinta-feira, abril 06, 2006

História de Encantar III


O Reino de Cristal

Era uma vez uma jovem muito bonita, de cabelos loiros como o sol, olhos azuis como o mar, e de pele branca como a neve. Joana era uma das criadas do Reino, lugar encantado onde os rouxinóis cantavam alegres melodias e as águas paradas do riacho davam de beber a todos os animais. Mas, este Reino era também um lugar onde havia muita pobreza e tristeza entre as pessoas.
Joana era a criada preferida da Rainha do Reino.
Sempre muito amiga e companheira, Joana vestia a Rainha com lindos vestidos, penteava-lhe o cabelo e perfumava-a com um perfume extraído das flores do jardim do Palácio. Contudo, a Rainha era uma mulher sem coração, que pouco ou nada se preocupava com os problemas e com a fome que existia no seu Reino.
Certo dia, a Rainha contou à menina que estava muito feliz. O seu filho, João, voltava para o Reino dentro de uma semana, após ter estado numa viagem muito longa por outros reinos distantes. Joana sorriu, e o seu coração pulou de alegria, mas também de tristeza pois Joana sabia que a Rainha jamais permitiria o casamento dos dois. Joana tinha ouvido falar muito do bom coração e da beleza do Príncipe, mas nunca pensou que se apaixonaría assim que o visse.
Durante uma semana a menina não dormiu e, um dia antes da data prevista, o Príncipe João apareceu, ainda antes do romper da aurora, cavalgando no seu cavalo branco pelos campos fora. Era ainda muito cedo e Joana conversava com a Lua, contava-lhe que tinha saudades dos seus pais, há muito falecidos, e que nunca tinha encontrado nenhum rapaz que dela gostasse por ser uma mera criada.
A Lua consolava, tocava-lhe com os seus lábios de luz, e eis que um cavalo branco e iluminado pelos céus, pára junto à janela de Joana.
-Quem és?-perguntou-lhe o jovem príncipe
-Sou... sou uma... sou a filha de uma amiga da Rainha! - disse, mentindo, a jovem.
O Princípe olhou para ela, altivo e forte no seu cavalo, e desde esse momento soube que se tinha apaixonado por aquela jovem de cabelos de ouro e de olhos de mar. Nervosa, a jovem deitou-se na sua cama, e chorou noite fora, por jamais poder ser feliz com o Príncipe. A lua, lá no alto, ainda lhe disse que o Princípe gostava dela, e que lhe devia contar a verdade.
Nesse dia de manhã, Joana abandona o Palácio de Cristal para fugir ao seu amor.
Enquanto caminhava por montes e vales, as lágrimas corriam-lhe pelo rosto em sinal de desespero. Encontrou uma cabana abandonada e aí ficou, até adormecer de cansaço. Os dias passaram e Joana, sem ter o que comer, adoeceu gravemente. Os animais íam lá dar-lhe o pouco comer que era possivel encontrar no Reino, mas Joana não melhorava.
Pelo Palácio, a Rainha dava vivas pelo regresso do seu filho, mas estranhava a ausência de Joana. Procurou por todo o palácio e, só à noitinha, a Lua contou à Rainha que a jovem, envergonhada por ser apenas uma criada e apaixonada pelo belo Príncipe, fugiu para bem longe.
O Príncipe, desesperado, correu atrás da sua amada, e jurou que se a encontrasse daria o poder à Lua de cobrir todo o Reino de muito cristal e pedras preciosas,pós de perlimpimpim, e assim todas as pessoas poderíam viver melhor. Após sete dias e sete noites, João encontrou a sua amada doente numa cabana, com febre, e mal alimentada. Levou-a para o Palácio e cuidou dela durante dias a fio.
Os jovens, apaixonados um pelo outro, fizeram uma grande festa e convidaram todos os empregados do Palácio e do Reino. Á noite, a Lua pintou os montes, vales, casas, animais e o riacho de uma cores cristalinas e puras, dando mais riqueza às pessoas do Reino. Quando todos os habitantes do Reino morreram, a Lua continuou a cumprir essa missão e hoje, situado a sul de Portugal esse reino já inexistente, ainda há quem diga que jura ver cair pó branco do negro dos céus e que dois jovens passeiam num cavalo branco por montes e vales encantados, em busca do sentido de justiça e do amor entre todas as pessoas da Terra.

Moral da história:
À noite, o pó branco pode provocar alucinações.

História de Encantar II


O Cherne


Era uma vez um senhor já velhote que trabalhava como carpinteiro.
Um dia estava muito triste, sentia-se muito sozinho e decidiu construir um boneco de madeira. Pouco a pouco, foi construindo o seu boneco que cada vez ficava mais bonito. No dia em que o boneco ficou completo o senhor pôs-lhe o nome de Cherne. Passaram-se uns dias e, uma noite, apareceu uma fada e transformou o boneco num lindo menino. O senhor, ao acordar, viu o Cherne a mexer-se e a falar e não queria acreditar no que via, mas ficou muito feliz!
Cherne tinha sido avisado pela fada que não podia dizer mentiras, mas não ligou e, de vez em quando, dizia uma mentira e o seu nariz crescia um bocado.
A fada estava a ficar chateada pois o Cherne só dizia mentiras e ela tinha de o ajudar para o seu nariz voltar ao normal. Então, deciciu não o ajudar mais e avisou-o pela última vez:
- Cherne, não digas mais mentiras pois eu não te ajudo mais vez nenhuma !!!
Cherne não ligou nenhuma e continuou a dizer mentiras sem parar, o seu nariz começou a crescer, crescer, crescer... até não poder sair de casa pois batia com ele por todo o lado.
Cherne pediu ajuda à fada mas ela não respondeu e ele ficou tão aflito que compreendeu que não se deve dizer mentiras. Cherne pediu desculpas à fada e jurou nunca mais dizer mentiras.
Mas com os anos esqueceu-se do prometido continuou a mentir muito mais e chegou a Primeiro Ministro de Portugal.

Moral da história:
Que importa ter um nariz grande se mentir compensa ?

terça-feira, março 28, 2006

História de encantar I




A Mosca

Era uma vez um homem muito rico que, emprestava dinheiro a todas as pessoas pobres da sua aldeia. A bondade transformava-se depois, em cobrar juros muito altos. Na aldeia habitava um homem que, já tinha muitas dívidas e, o ricaço foi a sua casa para ver se ele tinha alguns bens valiosos que, pudessem cobrir o empréstimo. Ao chegar lá, só encontrou o filho mais novo do aldeão, calamamente a brincar:
- Os teus pais estão em casa?
- Não. O meu pai foi cortar árvores vivas e plantar árvores mortas e, a minha mãe foi vender o vento e comprar a lua! - respondeu o menino.
O rico não percebeu e, ameaçou o menino, mas ele mantinha sempre a mesma resposta. Por fim, o homem declarou:
- Olha, se me explicares as tuas palavras, eu esqueço a dívida que os teus pais têm comigo. Isto é tão verdade, como o céu e a terra serem minhas testemunhas!
- O céu e a terra, não falam. Temos de arranjar um ser vivo, para ser testemunha. - disse a criança.
O ricaço apontou para uma mosca que estava no aro da porta e, afirmou:
- Esta mosca será a nossa testemunha!
Com as coisas resolvidas, o menino explicou de imediato:
- O meu pai foi cortar bambus para fazer uma cerca e, a minha mãe foi vender leques para comprar óleo para os nossos candeeiros! Agora não pode faltar à sua promessa!
- És um menino muito esperto! - e o homem rico saiu, soltando estrondosas gargalhadas.
Dias depois, ele voltou, e exigiu de novo o seu dinheiro. O menino ouvindo a conversa, declarou:
- Pai, não precisas de pagar. Ele fez uma promessa, e agora tem de cumprir!
- Eu nunca fiz tal promessa! É mentira! Tu és um pestinha!-disse zangado o homem rico.
Como nada se resolvia, o caso chegou ao conhecimento do proprietário das terras. O ricaço negava conhecer a criança, quanto mais ter lhe feito uma promessa. Já o menino, jurava que ele a tinha feito. Por fim, o proprietário disse:
- É a palavra de um contra o outro! Não posso julgar se, não há nenhuma testemunha!
- Havia uma testemunha. Uma mosca ouviu tudo! - disse o menino.
- Uma mosca? Estás a gozar comigo? - disse o proprietário, já num tom irritado.
- Não, senhor, não estou! Estava lá uma mosca, grande e gorda que, pousou no nariz deste senhor! - respondeu o menino.
- És um mentiroso. - berrou o homem rico. - A mosca não estava no meu nariz, mas sim no aro da porta!!!
Nesse momento, o proprietário das terras ficou pasmado a olhar para o ricaço. A afirmação do ricaço acabou por denunciá-lo. Estava confirmada a promessa do ricaço.
- No nariz ou no aro da porta, que diferença faz? O senhor fez a promessa, e assim a dívida está paga! - gracejou o menino, contente com a situação.
A dívida foi esquecida, e o menino e os pais, viveram felizes para sempre...

Moral da história:
Mais vale um mosca na mão que um ricaço a gamar.