História de Encantar VII
Pelo pescoço acima, a raiva foi subindo até lhe turvar a visão.
Ficou tudo vermelho.
Pontapeou um balde que se desfez em dezenas de cacos de plástico.
Pegou no despertador irritante e esmigalhou-o de encontro à parede.
Deu urros, peidou-se e escarrou para o espelho.
Finalmente, tonto, caiu sentado no chão e ofegante.
Esteve ali uns minutos.
A pausa fê-lo recuperar a razão.
Tomou um banho frio, nas calmas, perfumou-se e vestiu-se.
Pegou na guitarra e foi para o bar.
Confraternizou com os companheiros, fumou umas coisas, bebeu várias cervejas e, quando o show começou, transmitiu toda a sua raiva para a guitarra.
Qual não foi sua surpresa quando ela se soltou das suas mãos, elevou-se no ar, e começou a espancar a sua cara impiedosamente, agitando-se no ar tal como um insecto gigante e descontrolado.
Por fim, ela levitou por mais alguns segundos e explodiu, vaporizando-se em pleno ar.
O público aplaudiu durante meia hora.
De pé.
Moral da história: O crack é demais!
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